Rosa Camarão: A Lenda Esquecida da Porca da Lua Cheia



Nas noites iluminadas pela lua cheia, uma história sombria corria pelas bocas dos moradores mais antigos de Sena Madureira, cidade que muitos chamam de a verdadeira Área 52, cheia de mistérios e segredos.

Diziam que Rosa Camarão, uma mulher de aparência peculiar, com cabelos grandes e negros e um olhar penetrante, carregava um segredo que poucos ousavam desvendar. Durante o dia, ela era apenas uma moradora comum, reclusa e sempre carregando um ar de melancolia. Mas, quando a lua cheia despontava no céu, algo inexplicável acontecia: Rosa desaparecia de sua pequena casa à beira do no bairro Cafezal, e uma enorme porca de pele grossa e olhos castanhos surgia nas ruas estreitas da cidade.

A porca, conhecida como a "Porca da Lua", caminhava pelas vielas, farejando traquinagens. Segundo a lenda, ela tinha um propósito: capturar crianças desobedientes e levá-las para uma floresta misteriosa que ficava além do Rio Caeté. Lá, ninguém sabia o que acontecia, mas as crianças só voltavam dias depois, assustadas e prometendo nunca mais desafiar seus pais.

Os mais velhos acreditavam que Rosa Camarão havia sido amaldiçoada por uma bruxa após destruir uma ponte de madeira sagrada na juventude, despertando a ira dos espíritos da floresta. Como punição, ela viveria eternamente alternando entre sua forma humana e a terrível porca nas noites de lua cheia.

Por décadas, a história da Porca da Lua aterrorizou as crianças da cidade. Os pais usavam a lenda para disciplinar os pequenos:

— Não desobedeça, ou a Rosa Camarão vai te pegar!

Mas o tempo foi implacável com a lenda. Com o avanço das tecnologias, smartphones, televisões e a internet tomaram conta das casas de Sena Madureira. As crianças, agora entretidas com jogos e vídeos, mal ouviam os conselhos dos mais velhos, muito menos temiam as histórias de outrora.

"É só mais uma invenção de gente antiga!", diziam os jovens.

Mesmo assim, há quem jure que, nas noites de lua cheia, ainda é possível ouvir os grunhidos de uma porca gigantesca ecoando pelas margens do Rio Iaco. Quem vive nos bairros mais afastados, perto dos caminhos de terra e das matas densas, afirma ter visto pegadas enormes no barro, desaparecendo nas águas profundas.

Os poucos que ainda acreditam contam que Rosa Camarão nunca foi uma simples lenda, mas sim uma guardiã de algo maior — uma conexão entre Sena Madureira e os mistérios que cercam a cidade. Alguns vão mais longe, dizendo que sua transformação está ligada aos segredos ocultos da "Área 52", protegendo o lugar de ameaças invisíveis.

Hoje, Rosa Camarão é apenas uma memória nos contos esquecidos dos avós. Mas, para aqueles que conhecem os mistérios de Sena Madureira, ela continua a ser um lembrete de que, mesmo na era das máquinas e das luzes artificiais, o inexplicável nunca deixa de existir.

Então, cuidado: se ouvir um grunhido em uma noite de lua cheia, talvez seja melhor obedecer aos conselhos dos mais velhos. Afinal, Rosa Camarão pode estar à espreita.

Por: Josafa Dantas 

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